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sexta-feira, novembro 26, 2004




Quase 40



Jean tem quase 40. 40 anos, 40 sonhos, 40 decepções. Por todos os caminhos longos e curtos de sua vida, Jean sofreu tropeços. Foi bêbado algumas vezes e equilibrista em muitas outras. Assim, como o mundo dá voltas e as luas mudam de fase, Jean faz o mesmo. Ele tem quase 40.

Certa vez, Jean era noivo. Sua noiva o amava muito. Jean foi para Nova York e se descobriu homossexual. Ser homossexual não é um problema social, é apenas uma questão individual. Aceitar-se ou não é do livre arbítrio do sujeito. Pois bem, voltando de Nova york, Jean encontrou-se com sua noiva e contou-lhe a verdade. O chá-de-panela, marcado para a semana seguinte, virou o "velório do mais novo gay da praça que me abandonou". Ao saber do ocorrido, Jean engoliu em seco as lágrimas, levantou a cabeça e partiu em frente. Tudo bem, eles tinham 25 anos. Hoje, são grandes amigos. Ambos têm quase 40.

Jean foi morar em São Paulo a trabalho. É médico. Encontrou-se com Osvaldo, uma pessoa que o ajudou muito em sua trajetória. Osvaldo e Jean se apaixonaram perdidamente. Viveram um grande amor. Osvaldo propôs que Jean fosse com ele para Paris e largasse tudo. Jean pensou, pensou e pensou: "- Je ne regrette rien"*. Não foi. Osvaldo foi, e nunca mais voltou. "- Tenho 30 anos, verei-o de novo. Ou terei outro grande amor." Não encontrou Osvaldo de novo, nem teve um grande amor. Isso o preocupa. Ele tem quase 40.

Contou para sua mãe que era homossexual. Achou que ela tacaria todas as pedras que tivesse a mão. Ela compreendeu, apoiou e o abraçou. Ele chorou, envergonhado com seu pré-julgamento. Ela não se arrependeu jamais disso. Era algo previsível. Afinal, ele tinha só 35 anos. Ela tinha quase o dobro dos 40. A experiência serve de muita coisa. E embora, nem todo o experiente tenha idade avançada, todos de idade avançada são experientes.

Pesquisadores afirmam que em certas idades o ser humano deixa de se abrir para novas experiências. Deixa de comer coisas novas aos 35 anos, de ouvir novos sons aos 40, e por aí vai... Eles dizem, mas será que isso ocorre? Voltando a Jean, ele está sempre se redescobrindo. Como médico que é, diagnostica os erros de seu passado e não os esconde com placebos fugazes. Agora ele é independente, deixou de ser refém de seu preconceito e dos preconceitos alheios. Ele só quer salvar vidas, cultivar seus hobbies e amar. Ele também cansou de esperar um novo amor. Agora, ele corre atrás, se embebedando de paixões e se equilibrando nos momentos difíceis, mudando de fase em fase, sempre para melhor. Ele aprendeu muito. Pois é, ele tem quase 40.



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* - Eu não me arrependo de nada, em francês - clássico na voz de Edith Piaf, regravado por Cássia Eller



Conto depositado por Art at 1:04 AM








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Arthur Chrispin, 20 e poucos, Advogado feliz e contente, mas observador e amante da vida, músico, poeta e letrista por hobby, noivo, Capixaba de nascimento, Carioca de alma, Pernambucano por circunstância e amor. Feliz assim. Gosta de escrever contos, crônicas e o que der na telha. Sonha fazer 100 contos. Sabe que não valerão nada. Mas tem a cara de pau de publicá-los assim mesmo.


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