quarta-feira, novembro 17, 2004
Bailarina
Carol é bailarina. Ballet é a arte de rodopiar sobre si mesmo, aguentando todo seu peso com a ponta dos pés. Também é a arte de usar coques engomados e maquiagem pesada, ficando com ar angelical. E podemos complementar que é a arte de usar tutu.
Não sei porque falar disso tudo, com essas considerações nem um pouco pertinentes. Carol não faz ballet clássico. Carol dança forró. Forró clássico. Triângulo, zabumba e acordeón. Mas dança com graça e leveza comparáveis às da bailarina tradicional. E faz isso tudo sem usar tutu. Carol gira, rodopia. Para lá e para cá, compassada pela batida da zabumba, igual a do coração.
Por falar em coração, é o único lugar onde Carol não se equilibra. Por culpa aquelas coisas que só os Deuses do amor sabem, ela não consegue se envolver com um par de braços carinhosos, cúmplices. Os Deuses do amor são tão imprevisíveis - e incompreensíveis - quanto os do futebol.
Nos grandes bailes do forró, onde a festa rola solta até os primeiros raios de sol, Carol procura um parceiro. Que seja dançarino, mas não se desequilibre ao encontrar o amor. Que saiba fluir pelo coração com passos tão leves quanto os exigidos pelas pistas de dança. E isso está difícil.
E ela se equilibra cândindamente, na ponta do coração. Não usa maquiagem pesada, não usa tutu. Busca seu dançarino, seu bailarino. Enquanto não encontra, dança só. Mas sempre olhando para frente. A quem ela concederá esta dança? O futuro dirá.
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E antes que você me pergunte o que é tutu, eu não sei explicar. Sei que é muito importante para o ballet. Minha mulher já cansou de falar sobre o tutu, mas ainda não decifrei-o no meio de toda indumentária. Quando você descobrir o que é exatamente, me diga.
Conto depositado por Art at 9:54 PM
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